Quando lerem isto, quase de certeza que a eleição terça-feira, 8 de novembro, já terá passado. Mas na altura em que escrevo no domingo à noite, dia 6 de novembro, sondagens estão a ser realizadas, e os especialistas estão a fazer previsões, tal como os meteorologistas que acompanham uma tempestade tropical, tentando prever onde o furacão vai realmente “aterrar”. Uma pergunta das primeiras questões que fazem aos eleitores é: "Qual é a sua maior preocupação ao votar?" De acordo com os relatórios, a inflação e a economia são, de longe, a questão que preocupa os eleitores. A criminalidade, as políticas de educação, a imigração ilegal através da fronteira sul [México], e o aborto são outras questões preocupantes, não necessariamente nessa ordem.
Muitos, se não a maioria, prevêem uma "onda vermelha", ou seja, uma derrota retumbante do governo do Partido Democrata do Presidente Biden numa ou em ambas as câmaras do Congresso. Devido ao atual alinhamento dos dois principais partidos e às suas políticas, é mais provável que os Republicanos ganhem o voto dos que se preocupam com a inflação e o preço do combustível e, que ao mesmo tempo, sendo mais indicados para resolver os problemas do aumento da criminalidade, das políticas educativas que ensinam assuntos de sexualidade às crianças na escola primária e da inundação de imigrantes ilegais. Nós, como crentes evangélicos, e as nossas igrejas parecem ter todas as razões para acreditar que a escolha que fazemos nas urnas nesta eleição é fácil.
Há algum problema com isso?
Sim, há, se de facto uma supermaioria dos eleitores coloca a inflação no topo da lista das suas preocupações, e muitos dos inquiridos são evangélicos que afirmam seguir a Bíblia, como imagino seja o caso. Se a questão da inflação está no topo das suas preocupações, isso significa que estes "seguidores de Jesus" colocam considerações materiais acima dos princípios espirituais. Posso provar que é um problema da Bíblia? Vejamos.
Quando Paulo escreveu em romanos 13.1-7 sobre os nossos deveres cristãos para com o Estado, ou seja, para as autoridades governamentais, ele fez três pontos:
1) Toda a autoridade é ordenada por Deus. Isto aplica-se desde o governo nacional às relações civis no nosso ambiente de trabalho (empregador/empregado), e até ao nível familiar (marido/mulher, pais/filhos).
2) O papel do Estado, como servo de Deus, é louvar aqueles que fazem o bem e trazer a espada para castigar aqueles que fazem o mal.
3) O nosso dever é estarmos sujeitos.. à autoridade do governo. ..."é necessário que lhe estejais sujeitos". Rom. 13.5
Então significa...?
O papel do governo não é tornar todos os cidadãos prósperos. É "castigar os malfeitores e aprovar aqueles que fazem o bem ". “Mas e se o governo estiver a castigar os inocentes e a deixar os criminosos saírem livres e impunes?”, é uma pergunta lógica. (Como acontece demasiadas vezes nos EUA nestes últimos dois anos)
Ver ponto 3) acima: devemos sujeitar-nos, esse é o nosso dever.
"Mas e o Estado?", pergunta você. Na verdade, o Estado está a fazer o que foi criado para fazer: castiga o mal e aprova aqueles que fazem o bem. O problema é quando o Estado redefine o bem e o mal, ao contrário dos padrões de Deus. Isaías 5.20 diz: "Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem mal; que fazem das trevas luz, e da luz trevas; e fazem do amargo doce, e do doce amargo!" Este é o problema das autoridades, e eles responderão a Deus por isso. Mesmo assim, as ordens que nós temos são para estarmos sujeitos.
Sujeitar-se não é a mesma coisa que obedecer
Paulo, em Efésios 5.22 e 24, escreveu: "Vós, mulheres, sujeitai-vos a vossos maridos, como ao Senhor..." Agora, como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seus maridos.” Mas em Efésios 6.1 ele diz: "Vós, filhos, sede obedientes a vossos pais...” E em Ef. 6.5, "Vós, servos [escravos], obedecei a vossos senhores segundo a carne... "
As esposas submetem-se... crianças obedecem... escravos obedecem. O marido não é os senhor e dono da esposa, que não é serva e escrava. Há muito mais a ser dito sobre a relação marido-mulher em termos de autoridade, mas a redação do texto sagrado não pode ser descartada de ânimo leve. **Quanto à relação entre os cidadãos cristãos e o Estado, temos exemplos bíblicos que confirmam a vontade de Deus: somos obrigados a sujeitar-nos, mas não a obedecer.
Em Atos 5.29, lemos a resposta de Pedro e dos apóstolos à ordem de não pregar em nome de Jesus: "Julgai vós se é justo, diante de Deus, ouvir-vos antes a vós do que a Deus." Talvez o exemplo mais vivo disto seja o dos três hebreus em Daniel 3, que se recusaram a prostrar-se perante a imagem dourada de Nabucodonosor, apesar de terem sido avisados de que a sua recusa resultaria em serem atirados dentro de uma fornalha de fogo ardente. No fundo, disseram: **"Atire-nos para a fornalha ardente, se for preciso. O rei tem todo o direito de fazer isso, de acordo com a vossa ordem. Submetemo-nos à vossa autoridade, mas não obedeceremos à vossa ordem, que é contra o que o nosso Deus disse."
Talvez esteja tudo bem desta vez, mas e da próxima vez?
Não podemos ignorar que a inflação é um problema, mas não é o verdadeiro problema. **É um problema material que não pertence ao plano espiritual. Jesus ensinou os seus discípulos a não se preocuparem com o que comeriam, beberiam ou vestiriam no dia seguinte. O nosso Pai cuidará de todas as nossas necessidades. **Se a questão fulcral na nossa escolha em quem vamos votar é o candidato que pensamos que melhor promoverá o nosso bem-estar e prosperidade, estamos a cair na armadilha de Satanás. Sim, desta vez a escolha lógica parece não só resolver a questão material, mas escolher o melhor candidato para cumprir o papel de autoridade como Deus estabeleceu na Sua Palavra, tendo posições morais e éticas intimamente alinhadas com o que Deus revelou. Os malfeitores serão punidos, e aqueles que fizerem o bem serão encorajados.
Mas o que acontecerá se, um dia, a escolha for entre um partido ou candidato que tenha convicções em consonância com os princípios da Palavra de Deus e um outro partido ou candidato que promova políticas antibíblicas? Claro, vou escolher o lado de Deus. Mas e se, além disso, o partido antibíblico me garantir emprego e o direito de fazer negócios, e ao escolher o outro partido vou perder esses direitos? Continuaria a votar no partido cujos valores refletem o ponto de vista de Deus, ou vou pensar primeiro nas consequências da minha decisão?
Desta vez quem votou a pensar no preço da gasolina na bomba teve sorte, na minha opinião. Pelo menos não foi uma escolha entre aceitar a marca da besta na mão e ser decapitado. Pelo menos, desta vez não foi ainda. Mas um dia, a escolha será justamente essa.
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