ITLT-13 Confiamos No Governo, vivemos na turbulência -- o que dizer sobre a desobediência civil?
- erpotterpodcasts
- 4 de abr.
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Abraham Lincoln disse-o famosamente em 1858, mas Jesus disse-o quase 2000 anos antes: "Uma casa dividida contra si mesma não pode resistir". Marcos 3.24-25 "Se um reino está dividido contra si mesmo, esse reino não pode resistir. 25 Se uma casa está dividida contra si mesma, essa casa não pode ficar de pé. O que diz em Mateus 12.25 soa ainda mais ameaçadora: "Todo reino dividido contra si mesmo é devastado"
Quando refletimos sobre a atual situação social e política na América, estas palavras são motivo de grande preocupação. Embora sempre tenha havido lados diferentes em cada assunto, não é essa a questão que hoje abordo. Nem sequer é sobre as posições tomadas por políticos em lados opostos dessas questões que me preocupa. Cada um de nós tem o direito de concordar ou discordar das políticas e da forma como são executadas, e isso não é a mesma coisa que escolher entre gostar de cães ou preferir gatos (ou nenhum dos dois). Essa é uma questão de gosto pessoal, não de ética ou moralidade. A escolha entre políticas, no entanto, envolve questões de moral e ética, julgamentos entre o certo e o errado, e isso também depende das opiniões de cada indivíduo. Há bons líderes, há maus líderes. Há decisões acertadas e decisões desastrosas. Não é disso que estou falando.
Creio que há uma explicação mais fundamental para a linguagem e as ações extremas utilizadas para expressar a oposição às políticas da outra parte. Desespero, frustração, violência, automutilação e autoexílio são apenas alguns dos sinais dos tempos. A retórica aguda e os insultos provocam uma reação semelhante do outro lado. Acredito que há uma explicação que se aplica à esquerda e à direita. Há, é claro, muitos fatores envolvidos para explicar por que essas divergências atingiram um tom febril em nosso país, mas pense comigo por um momento enquanto ofereço essa explicação de um ponto de vista bíblico. Há uma verdade básica da Bíblia que se aplica a todos, não importa de que lado estejam.
O cerne do problema pode ser expresso na frase "No Governo Confiamos".
Embora a nossa moeda apresente "In God We Trust", o nosso lema nacional desde 1956, a verdade prática é que quase todos nós seríamos mais honestos se disséssemos: "No Governo Confiamos". Ateus e agnósticos, é claro, nunca diríam que confiam em Deus. Mas as palavras e os atos mesmo daqueles que se identificam como cristãos crentes na Bíblia negam o lema "Em Deus Confiamos". Não confiamos em Deus. As palavras "uma nação sob Deus" do compromisso de fidelidade recitado perante a bandeira não têm significado prático. Embora possamos ser uma nação, ainda que dividida, a expressão "debaixo de Deus" não passa de piedosa fachada sem nenhuma consequência para nós pessoalmente. Acho que podemos dizer com segurança que todos confiam no governo, exceto os anarquistas, que defendem a total ausência de autoridade. O resultado final da anarquia (nenhum governo) é um país como o Sudão, que é considerado o epítome de um Estado falido. Mesmo os radicais, os autoproclamados "Combatentes da Liberdade" cujo grito é: "Não confiem no governo" e que recorrem à violência para derrubar um governo, na verdade confiam em governo. Eles não estão se opondo a “governo” como instituição, eles simplesmente não confiam no governo que está atualmente no poder, nas pessoas e nas políticas a que se opõem. Eles estão lutando para impor SEU governo no lugar do atual.
O que, então, diz a Palavra de Deus sobre os governos e nosso relacionamento com eles? Como é que nós, que afirmamos lutar por preceitos bíblicos, interagimos com nosso governo? O que diz a Bíblia?
1) O próprio Jesus ordenou-nos que pagássemos impostos cobrados pelo governo. Marcos 12.17 “Então Jesus lhes disse: Disse-lhes Jesus: Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus. E admiravam-se dele.”
Uma tradução diz que os discípulos ficaram pasmos com Jesus. Os romanos eram uma força de ocupação e eram temidos por suas medidas violentas contra a oposição. Eles fizeram da crucificação uma arte sádica, mas Jesus disse: "Pague seus impostos".
Em Romanos 13.1-7, aprendemos o seguinte:
2) Todos temos de nos submeter ao nosso governo. Romanos 13.1a "Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores."
3) Isso, por sua vez, baseia-se no fato de que a autoridade do governo é uma instituição ordenada pelo próprio Deus. Romanos 13.1b "porque não há autoridade que não venha de Deus; e as que existem foram ordenadas por Deus.”
· Deus muda os tempos e as estações; ele remove os reis e estabelece os reis (e presidentes e primeiro-ministros). Daniel 2.21
· [Este decreto vem] “a fim de que conheçam os viventes que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer, e até o mais humilde (baixo) dos homens constitui sobre eles." Daniel 4.17 Para quem está fora do poder, os "mais baixos dos homens" são precisamente os que ocupam o governo. Não é essa sempre a mensagem, não importa quem esteja no poder e quem seja a oposição? Pense o que pensar sobre as autoridades, é Deus que controla quem se senta no comando do barco do Estado.
4) "porquanto ela [a autoridade] é ministro de Deus para teu bem." Romanos 13.4
5) Esse versículo continua dizendo: "Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus, e vingador em ira contra aquele que pratica o mal.” Versículo 2 diz, "Quem resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação."
A Bíblia diz que devemos respeitar o governo, não nos manda confiar nele. E a Desobediência Civil? Há um ponto em que desobedecemos às autoridades? Em Atos 4.19, quando Pedro e João receberam ordens dos oficiais religiosos para não falar mais sobre Jesus, eles devolveram a bola para o campo das autoridades: "Julgai vós se é justo diante de Deus ouvir-nos antes a vós do que a Deus" NET. A obediência a Deus tem precedência sobre a obediência aos homens, e são homens (seres humanos) que incorporam a autoridade do governo instituído por Deus. É preciso discernimento espiritual para saber quando essa linha é ultrapassada. É preciso sabedoria espiritual para cruzar essa linha corretamente, confiando em Deus e não com um espírito de vingança ou com uma atitude altiva. Mesmo quando protestamos contra as políticas das autoridades, ainda temos de submeter-nos às consequências resultantes da desobediência às suas ordens. O "fazer o mal" mencionado em Romanos 13.4 significa "errado", conforme definido pelas autoridades. Eles punem o que consideram errado. Mesmo o único Homem verdadeiramente inocente foi crucificado injustamente. Nesse ponto, devemos seguir o exemplo de Jesus e confiar em Deus ao nos submetermos aos homens, sabendo que Deus pode nos libertar mesmo de uma fornalha ardente. Ele já fez isso antes.
Governamento vs. o Governo, há uma diferença
É importante aqui distinguir entre "governo" como uma instituição divina, que é servo de Deus, e "O governo", que é o conjunto de homens mortais que compõem o corpo governante em qualquer momento sobre uma determinada área. Em alguns casos, eles podem ser os "mais baixos" dos homens (Dan. 4.17). Sabemos pela história que podem até ser maus, mas isso não elimina o governo como provisão de Deus para o bem da sociedade.
O casamento é outra instituição divina, mas qualquer casamento em particular pode ser um desastre. A humanidade é propensa ao pecado, falível em todos os sentidos, e as partes constituintes, o marido e a mulher, são falíveis e, consoante seguirem o plano de Deus para o casamento ou se rebelarem contra ele, esse casamento será a coisa mais próxima do céu na terra, ou será uma experiência desastrosa, a coisa mais próxima do inferno na terra. Isso não nega a natureza divina da própria instituição.
Assim, salvo casos extremos em que as autoridades governamentais contrariam especificamente os mandamentos de Deus para nós, devemos respeitá-los e obedecê-los. Mas nunca somos mandados a confiar nas autoridades. Na verdade, nunca somos mandados a confiar "EM governo" como instituição.
A realidade é que mesmo aqueles que não confiam no governo, ainda confiam em que haja uma governação, em vez de confiar em Deus. Confiam em que haja governação porque acreditam que, se o seu partido estivesse no poder, as coisas seriam melhores. Em alguns casos, talvez as coisas fossem melhores, mas o erro fatal é confiar no governo e não confiar em Deus.
Esta batalha remonta aos tempos de Isaías e Jeremias, profetas que repreenderam Israel por confiar em reis e cavalos para libertá-los da desgraça iminente. Israel voltou-se para a Síria e, mais tarde, para o Egito. "Dá-nos cavalos e carros", suplicaram ao Egito. Deus respondeu:
Ai dos que descem ao Egito a buscar socorro, e se estribam em cavalos, e têm confiança em carros, por serem muitos, e nos cavaleiros, por serem muito fortes; e não atentam para o Santo de Israel, e não buscam ao Senhor.
Isaías 31.1
Mas a América é uma república democrática, não uma teocracia. Israel seria uma monarquia teocrática, mas o princípio ainda se aplica. Como os israelitas da época de Isaías, "No Governo Confiamos" – dêem-nos os líderes, a mão de obra, os meios, e nós conquistaremos. Quais são os indicadores que controlam as atitudes dos cidadãos? A Bolsa, com os altos e baixos do Dow Jones, Nasdaq e S&P; qual será o rumo da taxa de juro base? Monitorizar o mercado imobiliário. Observe o PIB, esteja atento à dívida soberana. Como se compara o tamanho da nossa frota naval com o de outros países? Tomamos nota do número de armas e bombas, e tropas para implementá-los. Confiamos ao governo a tarefa de alinhar esses vertentes e, se falharem, procedemos à eleição de um novo governo. Nos países com uma forma de governo parlamentar, fazem-no mesmo, às vezes mais do que uma vez por ano. Portugal no final dos anos 70 e início dos anos 80, duas ou mesmo três eleições por ano chegaram a ser uma coisa normal. Aqui nos EUA, o poder só pode realmente mudar no Congresso a cada dois anos e na Casa Branca a cada quatro. Estes quatro anos podem ser uma longa e dolorosa espera para o partido da oposição.
A angústia e a raiva, o desânimo e o desespero, a tristeza e a desgraça de um lado; As projeções de promessa e prosperidade, a euforia e o êxtase, a alegria quase desenfreada do outro lado perante as perspetivas de termos conseguido a resposta para os nossos problemas --- um e outro são sinais de que, em última análise, aquilo em as pessoas confiam é no governo. O resultado é a luta pelo poder para garantir que chegue ao poder o governo em que acreditamos.
É preciso ter um governo para que promova as políticas e os meios para funcionar no mundo em que vivemos. Mas quando perdemos de vista o curso global da história sob Deus e paramos de confiar nEle para dirigir esse destino, perdemos o ponto. Isaías opôs-se à confiança nas alianças políticas e em Isaías 30.15 disse:
“Pois assim diz o Senhor Deus, o Santo de Israel: Voltando e descansando, sereis salvos; no sossego e na confiança estará a vossa força. Mas não quisestes."
Esta não é uma mensagem do tipo "seja feliz, não se preocupe". Não haverá descanso até voltarmos a Deus e encontrarmos nossa força na confiança tranquila Nele. Recorda-se daquela canção de Bob Marley? Aquela que dizia:
Na verdade, nem tudo vai ficar bem, e devemos estar preocupados. Ao submetermos ao governo e respeitarmos as autoridades civis, devemos ao mesmo tempo confiar em Deus agora e não no governo, na economia, nos impostos e na política externa. Essas coisas são importantes, mas não são a base dos nossos sentimentos e bem-estar emocional. A Bíblia diz que virá um governo de paz e prosperidade, que vai procurar controlar cada compra e cada pensamento. Será o ápice do governo do homem sem Deus que remonta até à Torre de Babel, chefiada pelo próprio Satanás, executada pela mão do Anticristo e do Falso Profeta. Se você está confiando no governo e não em Deus, descobrirá que será uma transição natural para a armadilha de Satanás. Para evitar isso, devemos caminhar pela fé e não pela visão.
Em seu livro clássico, Os Profetas, Abraham J. Heschel escreveu sobre a batalha perdida de Isaías contra a incredulidade:
"É realista esperar que as nações descartem seus cavalos e olhem para o Senhor? De fato, é difícil aprender a viver pela fé". Mas é exatamente isso que Deus espera de nós. "Os justos viverão pela fé."
Em Deus Eu Confio.
(Os Profetas, Harper Collins Publisher Hardcover Edition, 2023, p. 91)
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