Quercus rubra - carvalho americano
Esta é uma parábola de dois carvalhos na nossa propriedade. Os dois são velhos e devem ter aproximadamente a mesma idade. Um é um "red oak" Quercus rubra - carvalho americano, e o outro é um "post oak" Quercus stellata - carvalho estrelado. Os galhos de um estão cheios de verde, uma indicação segura que a primavera chegou e o inverno já passou. O outro ainda manifesta as folhas do ano passado que ainda não caíram, quase como se esteja orgulhoso do seu tamanho e da sua glória de outrora. Olhando para ele, parece ser uma árvore morta, sem vida.
Quercus stellata - carvalho estrelado
Mas não está morta. Olhando mais de perto, vemos os sinais de vida nova que aparecem nele também.
O termo científico para este fenómeno em que árvores insistem em reter as folhas mortas é marcescência, e os carvalhos são uma das espécies mais dadas a este comportamento. Há várias teorias que procuram explicar porque certas espécies tardam em criar a "camada de abcisão" que corta a veia que traz a seiva à folha, fazendo-a cair, mas nenhuma é universal e definitivamente aceite. O que é sabido, porém, é que as folhas mortas são finalmente "empurradas" da árvore devido à força da vida.
Eis aqui a semelhança espiritual. Há muitos anos atrás ouvi esta ilustração que o pregador usou no seu sermão. Ele e um irmão mais novo na fé foram caçar, passando por uma floresta. Sendo inverno, as árvores estavam despidas das suas folhas, mas o companheiro do pastor reparou numa árvore caída que ainda tinha as folhas presas nos galhos, tanto assim que era quase impossível arrancar as folhas da árvore.
-- "Por que é que esta árvore ainda tem suas folhas?", ele perguntou.
-- "Porque a árvore está morta. O que faz as folhas velhas caírem de uma árvore é a força da nova vida que as empurram para fora."
Espiritualmente, o mesmo se passa em nossas vidas. Sem o novo nascimento operado em nós pelo Espírito Santo, divestir-nos dos velhos hábitos e modos de pensar é algo impossível à alma morta nos pecados e transgressões. A velha natureza recusa largar as paixões, os desejos impuros, o orgulho e tudo que resiste à autoridade de Deus nas nossas vidas . A religião procura melhorar a nossa natureza por meio de resoluções, regulamentos, e ritos. Não funciona. (Romanos 8.1-4 "Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito. Porque a lei do Espíritio de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte. Porquanto o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne, Deus, enviando o seu Filho em semelhança da carno do pecado, pelos pecados condenou o pecado na carne; para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito.") Somente a vida trazida na "seiva" do Espírito Santo pode criar a "camada de abcisão" que resulta numa vida liberta das "folhas mortas" da nossa vida velha.
Assim, a lição dos dois carvalhos tem um paralelo na nossa vida cristã. Só somos cristãos de verdade através da nova vida que Deus nos concede pelo dom do Espírito Santo. O Espírito Santo produz o Seu fruto em nós, e há evidência de uma vida que reflete o carácter genuíno de Deus. Porque, então, Paulo sentiu a necessidade de escrever estas palavras aos crentes in Colosse? "Mortificai, pois, os vossos membros que estão sobre a terra: a prostituição, a impureza, o apetite desordenado, a vil concupiscência, e a avareza, que é idolatria; pelas quais coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência; Nas quais, também, em outro tempo andastes, quando vivíeis nelas. Mas agora, despojai-vos também de tudo: da ira, da cólera, da malícia, da maledicência, das palavras torpes da vossa boca. Não mintais uns aos outros, pois que já vos despistes do velho homem com os seus feitos, e vos vestistes do novo, que se renova para o conhecimento segundo a imagem daquele que o criou." Colossenses 3: 5-10a.
A expectativa é que nós, equanto filhos nascidos de Deus, vamos demonstrar essa nova vida, como o carvalho americano. Infelizmente, nós, como os colossenses, demasiadas vezes projetamos a imagem do carvalho estrelado, obstinadamente agarrados aos velhos hábitos e modos de pensar e agir. Vistos de longe, podemos dar a ideia a outros que somos iguais às pessoas do mundo que estão mortas espiritualmente, e continuamos a andar da mesma maneira da nossa vida passada. Mas, se realmente já experimentámos o novo nascimento, o Espírito de Deus está operando esta nova vida em nós. Quase imperceptivelmente, e sem dar por isso, reparamos que há algo diferente, algo novo, que está a passar em nossa vida. Podemos estar seguros de uma coisa: o propósito de Deus é eliminar todos os vestígios da velha natureza do pecado, e ainda que nós tenhamos a sensação que esta mudança esteja a demorar muito, Deus vai alcançar o Seu objetivo em nós. Aquilo que as nossas boas intenções e resoluções feitas no início de cada ano, e as auto-impostas regras de comportamento melhorado, (ou seja, a "Lei") não conseguem fazer, a lei da graça e vida implantada em nós pelo Espírito Santo levará ao cabo. Ele nos apresentará sem mácula perante o trono de Deus no dia final. Paulo escreveu em Filipenses 1.6 - "Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo." Da nossa parte, colaboramos com o Espírito Santo ou será que criamos impecilhos ao Seu trabalho?
Os ramos do carvalho estrelado "morto" no nosso quintal em poucos dias estarão cheios de folhas verdes, oferecendo nos dias de calor uma sombra refrescante a todos que passam por baixo. A vida trazida das raízes pela seiva não admite outro resultado. Nem tão pouco permitirá o Espírito de Deus que continuemos agarrados às velhas obras mortas das nossas vidas anteriores. Em fim, Deus não admite outro resultado.
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